27 de fev. de 2009

Uma Bala Para John

Assim que o sol se foi
A noite que veio prometia ser boa
Saí para a rua
aquela velha camiseta de algodão
chinelos e um jeito desleixado
arrastando os pés pelo chão
deixando a preguiça me empurrar

Olhei as pessoas apressadas
ou
como eu
sem pressa de nada

As meninas passavam sorrindo
e rindo ainda não se deram conta
do futuro
que futuro nos espera?

Não sabem
como eu
que aquela bala pra John
nos acertou a todos

Não sabem
como doeu
descobrir que o sonho
os beatles
que até George
tudo acabou

Uma bala para John
foi o que nos acordou
O futuro não é bom
quase nada nos resta
a velha camiseta de algodão
o chinelo desleixado
e a preguiça que me arrasta pelo chão


oncotava?, 18/11/06
Queria escrever poemas
com versos longos
quilométricos
Mas
mesmo sem querer
talvez porque fique preso
a formas
conceitos
dogmas
talvez por pura falta de
criatividade
inspiração
ou jeito
os poemas saem sempre
com versos curtos
esqueléticos!


oncotava?, 21/11/06
Em plena primavera
o ar de inverno que me assola
hoje
incomoda.
Talvez porque o céu nublado
esconde o cheiro das flores
o brilho
Talvez porque o bolso esteja
irremediavelmente
vazio.
Talvez mais por isso
do que por aquilo
o ar de inverno esteja
hoje
me deixando
incuravelmente
chato.


oncotava?, 21/11/06

24 de fev. de 2009

GULOSEIMAS

Doravante
Escreverei apenas poesias comestíveis
Guloseimas doces de frutas da época
Dessas que serão vendidas nas pequenas vendas
Nas mercearias de esquina
Em potes baleiros.
As crianças farão filas.
Seo João, quero poesias de hortelã
Eu quero de melancia!
Tem de menta?
Limão?
Amora!
Muito embora nem sempre as poesias terão rimas.
Sem cismas, paradigmas, sofismas.
Rimas ricas
Ou não
Serão versos perdidos,
Doces sortidos.
Esses serão os preferidos: os doces misturados!
Gomas sabores de frutas colhidas no pé
Recolhidas do chão.
Colhidas à mão
Ou abatidas a pedradas.
Saladas de frutas.
Não importa,
serão poesias feitas com frutas da ocasião.
Nada industrial,
Nenhuma conserva em compota
Frutas de pés nascidos ao acaso.
nada plantado
nada irrigado,
cientificamente controlado
em algum deserto.
Por certo serão poesias de frutas que
Sem ninguém cuidar da semente
Aparecem no quintal
De repente
Ninguém sabe quem trouxe
Quem plantou
Quando foi
Já estava ali quando o primeiro chegou.
Ninguém sabe se foi Deus,
Se foi o vento
Ou se a semente foi comida
(E cagada)
Por algum pássaro.
Passado!
Sidra, caju, ingá
Carambola, jaca
Manga, pitanga, cajá...
Frutas no pé
Quintais sem cerca.
Poesias sem rima
Mas feitas com carinho
em tachos de cobre
Em fogão de lenha
Desses que se lambe o tacho
Para que nada se perca
Nada sobre.
Poesia que demora pra ficar pronta
Que exala um cheiro doce e forte
Que cheira infância
Que cheira a casa da vó
Água enchendo a boca da gente...
Que sorte!
Poesias guloseimas.

Mas também escreverei poesias para os adultos
Também serão poesias comestíveis
Mas serão quase que
Essencialmente
Poesias de chocolate
(Já que as mulheres preferem o chocolate ao sexo
e
De certa forma
Tem nexo)
Serão poesias preferidas
Não por serem disso ou daquilo
Mas porque serão recheadas de licores
Dos mais diversos sabores
Realçarão os mais escondidos amores
Farão brilhar ainda mais as cores
Terão advertência do Ministério da Saúde:
Comam, mas com moderação!
E como se fossem afrodisíacas
Serão vendidas em sex shop
Em shoppings, farmácias, feiras
Oferecidas nos motéis
(pra aumentar o ibope)
E recomendadas aos casais que queiram esquentar a relação
Serão poesias para serem ditas e comidas a dois
Derretidas esparramadas sobre corpos quentes e sedentos
Lambidas
Sugadas
cada gota
Cada canto
Como orvalho
Cometas
Cada verso
Sem rimas
Repletos.
Poesias guloseimas,
Poesias
chocolate!




Não me esquecerei de você
Quando comê-la
A poesia chocolate
Você
Licores de cereja
Fogo
Paixão
Poesias!



btu, 24/02/09, 14:45

22 de fev. de 2009

Não se assuste
Se um dia eu aparecer
Com cara de punk
Ex punk
Só depois de ser
Deixe os cabelos caírem
Não os arranque
Nem se espante
Assim é a vida
Os cabelos os dentes
Outras partes
Mais dia menos dia
Caem
Não atire a primeira pedra
Sua vida já é uma pedreira
Por tantos pecados
Tenho minha cruz
Já repleta de pregos
Não me traga mais alguns
E quem nunca traiu
A própria consciência?
Paciência
Não quero mais dramas
Só queria a fama
Deitar na cama
Sair da lama
Então não reclama
Já estou farto com os meus
Próprios erros
Não me acrescente os teus
Não me espante
Se um dia eu aparecer...

btu, 22/02/09, +/- 19:00

O CIO

O brasil está no cio.

Agora à noite, as ruas cheiram sexo.

Todos te olham de cabo a rabo

(Algumas reparam no cabo, outros, no rabo)

E parece ser difícil andar pelaí e chegar

incólume

a algum outro lugar.

Alguns se vangloriam de ter beijado mais de 30 outros seres

Como se isso fosse algo digno

e bonito

de se contar e contar

(Sempre há ouvidos para qualquer porcaria que se diga)

Estamos repletos disso

Mas

Hoje

Só vale o cio do brasil.


btu, 22/02/09, 20:30

11 de fev. de 2009

Amanhã

Amanhã
Seres
Extra terrestres
Seres estranhos ao planeta
Chegarão à Terra

Chegarão como se nada de novo houvesse

Como se ninguém visse
Como se normal fosse

Virão em discos voadores
Enormes
Disfarçados de cometas
Virão teletransportados
Ou de qualquer forma que seja
Sem serem anunciados por coros
Ou trombetas
Virão de muitos planetas
E ninguém saberá
Se alguém os trouxe

Não anunciarão medidas
Nem algo que o valha
Chegarão como se fossem
Antigos habitantes do planeta
Como se fossem donos
Deuses ou proxenetas
Não se assustarão com nada
Pois nada do que o homem fez
Será para eles novo
Não trarão soluções
Divulgadas aos quatro cantos
Nem nenhum dinossauro no ovo

E


Como se nada tivessem feito

Irão embora no mesmo dia
Deixando todos repletos
De ânsia, desejos, agonia
(Os terráqueos,
Alguns desejarão ir embora
Outros a guerra)
Deixarão pra trás
Quase a mesma Terra.

Aos poucos todos irão percebendo:
Os rios estarão limpos,
No céu nenhuma fumaça
Não haverá mais lixo
sujeira
Comendo a todos como traça
Aos poucos irão notando
Que por mais que se faça
Não aparecerão políticos
Para dar o ar da graça
Não haverá mais armas
e nenhum exército
Não haverão mais templos
Nem nenhuma imprensa
Não deixarão discórdias
Nem tampouco deixarão ameaças
Irão embora deixando pra trás
O início de uma nova raça.


Amanhã, seres...


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 19:52
revisto quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009 15:39

9 de fev. de 2009

Amanheceres

Nem sei quantas vezes vimos amanheceres
E nem vimos o sol
E nem vimos o vermelho no céu
E nem ouvimos os pássaros.

Nem sei quantas vezes estávamos embriagados
E mal nos olhávamos
E nos cheirávamos
E só nos amávamos.

Nem sei quantos amanheceres
Nem sei quantos sóis houveram nos céus
Nem sei quantos céus
Mal nos amávamos
Mal nos cheirávamos
Só nos olhávamos.

Nem sei quantos seres haviam ao nosso redor
Nem sei se o sol estava lá ou se ainda insistia
Em girar em torno de nós
Nada havia e havia nós!
Sós.
Sóis.
Seres.
Amanhã!
btu.09/02/09

Deu no Terra!


Maconha pode elevar risco de câncer de testículo

Seria porque, ao fumar maconha, dá uma vontade monstruosa de só coçar o saco!?!?!?