7 de jun. de 2009

Epitáfios

Sempre fui fã de Sá Rodrix e Guarabyra.
Em determinado momento da minha vida, fui fã demais. Mas aí já era Sá e Guarabyra.
Agora, Rodrix já era!
Sem querer encontrar, acabei encontrando um texto atribuído ao Zé Rodrix num outro blog: De Tudo um Pouco (http://musicararafazcil.blogspot.com).
Achei uma porrada e acho que devo compartilhá-lo(a) com vocês. O texto, a porrada.
Aí vai:
"Data: Qua Jun 2, 2004 7:34 pm

Assunto: Re: [M-Música] . Re: [M-Música] . Re: Paul McCartney - (era:
Rock in Rio Lisboa...)

Felipe:
Em resposta a seu completissimo questionario passo-lhe às mãos minhas
especificações para passamento e eventual necrologio.
Há alguns anos, gostaria de ter a causa-mortis preferida de meu pai:
assassinado aos 98 anos de idade com um tiro dado por um marido ciumento que o
tivesse pego em pleno ato... mas hoje nao mais. Pode ser de fulminante ataque
cardiaco, dentro da minha biblioteca, perto o suficiente da familia e dos
amigos mas afastado o bastante para que, alertados pelos cachorros da casa,
ja me encontrem morto, com um sorriso nos labios.
Pode sepultar-me em pleno mar, sob a forma de cinzas, ja que nao poderei
ser sepultado in totum no jardim da minha casa. Se conseguirem isso, no
entanto, que nao cobrem entradas para visitação, à moda do irmão da princesa:
deixem que alem das pessoas os passarinhos e os animais da casa se refestelem
no lugar, renovando diariamente o eterno ciclo da Natureza.
Ao enterro devem, atraves de convite formal, comparecer todos que foram
aos meus lançåmentos de livro: nada mais parecido com um velorio do que isso.
Peço parcimonia nos efluvios emocionais: já as risadas devem ser francas e sem
limite. Creio inclusive que prepararei com antecedencia uma fita de piadas
gravadas para animar o velorio e manter o pessoal na boa. Como dizia o Bozo,
"sempre rir, sempre rir...."
La so deixarei a mim mesmo: mesmo os inimigos que comparecerem para ter
certeza de que estou realmente morto podem voltar para casa em paz. Nao
pretendo puxar a perna de ninguem à noite e nem assombra-los depois de morto.
Já os amigos podem contar comigo: havendo vida após a morte, volto para
avisar, da maneira mais pratica e menos assustadora que me for possivel. A
cremação deve ser feita depois que todos forem embora cuidar de seus proprios
afazeres: enfrentar as chamas do forno terrestre ja será um gardne introito
para a vida eterna.
Se conseguir, tentarei ser crooner da grande Orquestra de Jazz do
Inferno, vulgarmente chamada de SATANAZZ ALL-STARS: como ja vou chegar la
tenente ou capitão, dada a minha imensa taxa de maldades realizadas sobre a
Terra, creio que nao será dificil. Meu castigo certamente será cantar MPBdQ
por toda a eternidade, mas mesmo com isso ainda se pode encontrar algum
prazer, assim na terra como no inferno....é o que veremos a seguir.
No enterro podem tocar de tudo, menos as musicas que eu tenha feito. Mnha
morte servirá certamente para que se livrem nao apenas de mim mas tambem de
minhas obras. Os herdeiros tambem nao merecem ouvi-las, sabendo que nada
herdarão de minha lavra, porque, sendo eu adepto da politica do VAI TRABALHAR,
VAGABUNDO, como meu pai fez comigo, ja tomei providencias para que essas
musicas nao lhes rendam nem um tostão furado. Sendo um velorio moderno,
recomendo musicas de carnaval antigo, as indiscutiveis, claro, com algumas
discretas serpentinas e confetes jogadas sobre o caixão, fechado,
naturalmente.
Morrer num Sabado à tarde, ser enterrado num Domingo antes do almoço, e
estar completamente esquecido na manhã de Segunda, sem atrapalhar a vida
profissional de ninguem: eis a perfeição que desejo na minha morte.
Muito grato.
beijos
Z"

É isso.

Tiau-lho. Fui-me.

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