As diversões dos tempos de infância eram de uma simplicidade estonteante. Tive poucos brinquedos e raros os que tinham alguma sofisticação a mais. Me lembro de um carrinho de plástico preto, que provavelmente era um Simca, que eu adorava. Mas os carros bacanas tinham uns para-barros que é uma coisa que ia além dos paralamas. Era um prolongamentos dos paralamas... os caminhões ainda têm algo assim, hoje. Eu achava que todo carro, pra ser bacana, tinha que ter aquilo. E o meu carrinho preto, meu Simca, não tinha isso. Então inventava um jeito de colar algum papel, algum durex que imitasse aquilo da melhor maneira possível. E colocava uma antena, que era pra ficar mais xique ainda. Tive um patinete que pouco usei, um pião que não sabia usar direito, umas duas ou três pipas que fabricávamos no fundo do quintal. E as bolas: quase sempre de plástico. Tive uma de capotão! Só uma! Mais tarde, acabei ganhando uma bola de basquete, mas que também era de couro e que com o tempo, e o excesso de uso, acabou ficando oval... Tinha as bolinhas de gude, que divertia toda a molecada nos jogos de biroca, que naquele tempo era só um inocente jogo de bolinhas de gude... Foi num desses jogos que aprendi um dos primeiros remédios da cultura popular. Levei uma picada de abelha e aquilo dóia demais... Um dos meninos disse que era pra passar barro no local da picada. Saí correndo buscar água que trouxe na boca e cuspi no chão de terra onde jogávamos pra fazer o barro e passar na barriga, lugar onde a bendita abelha resolveu me picar. Santo remédio! A dor passou rapidamente e nem sequer ficou vermelho. Ficou marrom, mas isso foi preferível naquela hora. Tinha os jogos de botão, que naquela tempo era só um inocente jogo com botões que eram os jogadores de futebol... Até que um dia ganhei um barco de lata! Me lembro vagamente desse barco... A lembrança que tenho é que era vermelho, e, parece-me, era feito de latas de conservas, manteiga aviação, sei lá... Pois esse barco tinha um estranho mecanismo que o fazia navegar. Na casa de meus pais tinha uma enorme banheira. Enorme para o tamanho que tínhamos. E era nessa banheira que o barco navegava. Era movido à vapor e usava ou um toco de vela, ou um pouco de álcool ou querosene que era colocado num pequeno recipiente dentro do barco. Ateado o fogo, era só aguardar que a coisa funcionasse. Não me recordo do mecanismo que o fazia navegar, mas ele navegava. E era uma coisa tola... mas eu e os sobrinhos ficávamos ali, fascinados com a mágica do barco. Tenho a impressão que eu ainda fantasiava para os sobrinhos que o que fazia o barco funcionar era um combustível que viha da lua. Mas aí a memória já não ajuda mais!
zénérso - 19.03.2012

zénérso - 19.03.2012

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