9 de mar. de 2013

Viva!

Confesso que fiquei triste com a morte do Hugo Chavez. Mas talvez o que tenha me deixado mais triste foi a enorme quantidade de sandices que ouvi a respeito dele e do povo venezuelano. Não conheço a Venezuela. Não vivi a história de Chavez na presidência daquele país. Mas vi muitos atos dele onde contestava o poder imperialista dos americanos e europeus que, repletos de soberba e julgando-se donos do mundo, sempre quiseram - ainda querem - que fiquemos na nossa posição de espectadores do assalto de nossos recursos. E que prestemos o serviço de escravos para extrair nossos tesouros colocando-os nos porões dos seus navios. Há quem ainda ache lindo o rei espanhol ter mandado Chavez calar-se. Como outrora mandaram seus exércitos calarem os incas e maias... Não conheço Chavez, repito. Não sei se o povo venezuelano era feliz com ele ou não. Sei de alguns números que refletem que não é possível que a imensa maioria dos venezuelanos tenham sido manipulados por tanto tempo. Pergunto-me porque um tirano colocaria seu governo em cheque em 19 plebiscitos. Um tirano não perguntaria nada ao povo. Tudo bem, essas votações poderiam ser fraudadas. Afinal, se até Busch se beneficou de uma fraude eleitoral, porque Chavez não se beneficiaria logo de 19 fraudes? O tal tirano aumentou em 16 vezes o número de médicos na Venezuela. Pediu - e obteve - ajuda cubana para isso. Erradicou o analfabetismo na Venezuela. Diminuiu a pobreza. Baniu da Venezuela empresas que só traziam mal à população - a coca cola foi uma delas. E não venham dizer que isso é tirania. Isso é cuidar da saúde do povo, já que a coca cola causa inúmeros males. Se não me engano baniu a mcdonalds também... Os motivos talvez tenham sido os mesmos, já que o que servem naquele rede causa, no mínimo, obesidade. Não é um bom produto. Não deve mesmo existir. Após o furacão Katrina, Chavez mandou - a Venezuela ainda manda - óleo para calefação para ajudar o povo pobre americano que sofreu com aquele desastre natural (diga-se que ocorreram muitos casos de corrupção e sumiço de dinheiro destinados àquela população. Enquanto os americanos democratas se locupletavam no dinheiro público, a Venezuela do tirano ajudava os americanos pobres. Que ironia! Sim! Há pobres nos EUA. Os que foram afetados pelo Katrina eram, na sua maioria, pobres e negros) Esses são alguns dos números que sei que Chavez promoveu na Venezuela. E isso talvez seja mais do que todos os outros presidentes daquele país tenham feito antes. Poderão dizer que isso não pode torná-lo um mártir ou um mito. Pode ser. Mas se ninguém nunca fez nada pelo povo e um cara aparece e faz um pouco, esse pouco de repente é muito pra quem recebeu. E da visão desse que recebeu, ter sua vida melhorada pode ser consideravelmente significante. Pra essas pessoas ele virou um líder, um mito, um mártir. Aqueles que nunca fizeram nada até agora não podem reclamar. Bastará que surja outro que faça mais, que todos se esquecerão de Chavez. Ou o deixarão na História com um papel menor do que o que tem nesse momento em que entra nela. Coisas semelhantes acontecem no Brasil. Fomos governados por um sem número de presidentes preocupados com meia dúzia de famílias. Aí chega um presidente que pode até ser chegado na cachacinha (outros tantos eram chegados na mesma coisa ou em coisas piores!), que é semi analfabeto, que mal sabe falar e que transforma o país em oito anos. Foi pouco. Tenho absoluta certeza de que o que Lula fez foi muito pouco. Mas nunca ninguém tinha feito tanto! 40 milhões de pessoas subiram de classe social. 16 milhões deixaram a linha da pobreza extrema. O país subiu em todos os critérios de avaliação internacional. O desemprego diminuiu, mesmo enfrentando crises severas que o neoliberalismo esparramou mundo afora. O mesmo neoliberalismo que vendeu - ainda vende - nossas empresas e riquezas sem que nada de bom pudesse nos acontecer. O número de universidades federais aumentou. As universidades federais melhoraram. E os bancos continuam com seus lucros enormes... coisa que podia ter diminuído em benefício de mais gente Brasil afora. Foi pouco. Eu queria mais. Queria melhora significativa na cultura e educação. Queria melhor atendimento na saúde. Queria uma saúde cada vez mais gratuita. E essas coisas que quero e que ainda não aconteceram, talvez seja semelhante ao que muitos venezuelanos ainda querem. Mas ninguém havia feito tanto pelo povo venezuelano, ninguém tinha feito tanto pelo povo brasileiro, quanto Chavez e Lula. Mas foi pouco. Lá e cá. Por isso acho que precisamos continuar atentos. A quantidade de hipocrisia que esparramam pela rede e redes todo santo dia é para nos convencer que devemos mesmo continuar a ser pequenos. Que devemos continuar com nosso papel de humildes lambe botas dos poderosos de plantão. Devemos continuar achando que todos aqueles cursos que as empresas patrocinavam tempos atrás - patrocinam ainda? - e que nos ensinavam a trabalhar "direito" - 5S, qualidade, gestão de pessoas, etc etc etc - e que enriqueceram um sem número de falantes motivadores, que aqueles cursos realmente estavam certos. Não podemos lutar por nossos direitos. São nossos direitos que oneram as empresas. É isso que impede que elas sejam melhores, mais competitivas. Continuemos a acreditar nessas histórias. Temos que defender nossa empregabilidade. É isso que os hipócritas querem nos fazer acreditar todo santo dia. Eu prefiro acreditar que Chavez foi um bom presidente. Provavelmente o melhor que a Venezuela tenha visto até agora. Prefiro acreditar que aquela multidão que tomou as ruas de Caracas não estava ali por serem manipulados. Não é possível isso. Prefiro acreditar que Lula foi o melhor presidente que o Brasil já teve. Os números de lá e de cá me levam a acreditar nisso. Mas foi pouco. Muito pouco. Tem muito o que ser feito. E se isso que digo é a cartilha mofada do PT, que viva essa cartilha! Embora eu não seja petista. Quero apenas uma democracia plena. Mais forte do que essa em que vivemos. Quero que o povo realmente tenha controle sobre todas as coisas. Sobre os políticos que nos governam. Sobre os polítcos que legislam em nosso nome. Sobre o judiciário que deve ser isento. E justo. E sobre a imprensa que não pode ser mais um partido político. Que tenhamos um país onde o povo seja soberano. Onde os cargos não sejam vitalícios. Onde as aposentadorias sejam por exercíco pleno e continuado de suas profissões e não por meros 15 minutos numa cadeira de legislativo, executivo ou judiciário. Que todos esses cargos sejam eletivos. Que esses mandatos sejam curtos. Que não haja mais do que uma reeleição. Acho que não viverei o suficiente para ver isso. Até porque, vendo o que vejo hoje em dia, acho que estamos muito perto de uma forte tirania fascista. Que Deus nos livre disso! E que mantenha os lulas e chaves vivos dentro de nós! E os fidéis, bolivares, guevaras, marias da penha, chicos mendes, chicos buarques, e todos aqueles que um dia lutaram e ainda lutam e todos aqueles que lutaram e morreram em nome da liberdade e da democracia. Viva Chaves! Carajo!!!

Nenhum comentário: