7 de jul. de 2013

Coisas do Pepe

 

O pai do padrasto não pode bater no filho porque é o cunhado da vida!

 

(Pepe-24/04/2013)

Pássaro que come pedra…

 

Bom, hoje não é lá um dia normal mesmo...
Naquela caminhada matinal, do nada uma pequena pedra caiu na minha cabeça. Sei que era uma pequena pedra porque senti bater no meu cocoruto e vi que ela caiu na minha frente. Olhei pra cima e vi um pássaro que já ia longe e ninguém por perto que pudesse ter atirado a pedra. Achei estranho um pássaro a carregar pedras no bico, mas vá saber da sua dieta...
Decididamente, viver é um risco!

zénérso – 13.06.2013

Verdadeando!


Putz... falei de um monte de gente que foi importante ou marcante na minha vida, mas talvez não tenha deixado claro: essas foram as pessoas que sumiram. Que nunca mais vi. Algumas até sei onde estão e algumas estão por aqui. Mas pouco ou nada falo com elas e nunca mais as vi.
Sim, ainda tem um monte de gente, de amigos, que tropeço com eles aqui e ali, com quem ainda tomo uma breja na correria ou mais pausadamente, baseado em alguma desculpa tosca qualquer que arranjamos apenas para nos sentarmos à mesma mesa e tomarmos algumas tantas.
Ainda posso tomar algumas tantas com amigos.
Esses, com quem tropeço, troco alguma palavra, sei onde estão e eventualmente vejo... esses não os quis nominar e nem vou fazer. Não quero causar espantos a um ou outro por ter tantos problemas de memória. Então fica assim. Não cito nomes.
Mas o que acho engraçado é que, à medida que o tempo passa, dou significado diferente a palavra amigo.
Antes eram poucos porque eram os que a gente contava pra qualquer parada. E eles estavam lá, mesmo quando me atirava em meio a um imenso capinzal - capim gordura me refiro - prometendo suicídio trágico.
Depois ficaram mais raros porque a vida exigia cada vez mais de cada um e cada um ia se tornando distante e cada um com seu quilo e meio de toneladas de problemas que... vixe... nem seria possível exigir que ainda estivessem ali pra o que desse e viesse.
A vida foi ficando vazia de amigos.
Então me dei conta que também não era esse amigo de ninguém porque os mesmo motivos que os deixaram tão atônitos, me deixava insone.
Hoje acho que amigos são aqueles que ainda nos olham com carinho, que nos desejam sorte, que compartilham sua mesa, que nos visitam para um café e uma pipoca, que, na sua crença particular, ainda nos colocam em suas preces.
Que é o que tenho feito por todos.
Que sejam felizes.
Porque eu ainda quero ser e preciso de cada um pra isso.
Não há razão na felicidade solitária.
Não há felicidade na solidão.


zénérso - btu - 06/07/13 - 21:26

Verdadeando!


Acho engraçado isso da vida ir passando, e ir passando com a vida as pessoas que fizeram parte dela.
Onde anda Lúcia?
Lígia?
Que foram aqui os primeiros nomes que me vieram à cabeça quando dei conta que muita gente passou pela minha vida e sumiu como a minha vida quer sumir de mim.
Mas tem outras tantas pessoas... Laudelino, Mário Benedito, Fernando, Vinícius, Maurício... que até salvei de afogamento quando ainda praticamente crianças, sem pais e mães saberem, fomos nadar no Clube Náutico. Rio Pardo. Maurício teria morrido naquele dia se eu não estivesse por perto e já não tivesse meus braços compridos. Não sei se ele se lembra. Não sei dele.
Tem Ana, não aquela, outra, tem Néria que anda por aqui e que não vejo tem lá seus 30 anos. Tem Soneca que nunca mais vi e que nem lembro o nome dela. Tem Soraia das pernas mais lindas daquele 1º colegial. Tem Davi e Salete. Tem Armando Suruba. Tem Picapau que vivia correndo atrás da Nilza e que essa sei onde está. Tem Marineide que amou Nilson... que se foi antes do combinado. Tem Cecília que já está pela conta de 15 anos que sumiu do mapa. Tem Mariangela que sumiu há mais tempo. Tem Gil que se foi antes do combinado e deve estar jogando truco com Nilson.
E aí... puxando pela memória começa a aparecer um mundaréu de gente que sumiu - ou eu sumi, sei lá - que já nem sei mais quantas e se faz mesmo tanto sentido. Gente que teve uma quantidade enorme de carinho meu e que ainda tem.
Fosse a vida mais simples, fosse a vida tranquila, ainda estaria por perto de Tereza, Dininho, Dorinho e de sua irmã, Fátima, que foi meu primeiro imenso amor.

zénérso - btu - 06/07/13 - 20:35

Verdadeando!


Ana morreu do nada. Assim... era jovem, saudável, bonita. Uma belezura mesmo. Se dizia pronta para a morte ainda com seus 20 e poucos anos. Coisa insana, eu disse. Mas ela reafirmava, convicta!
Ana morreu. E eu não sei onde anda Ana.
Talvez tenha voltado. Talvez esteja por aí, vagando.
Ana era linda e eu, apesar de achar que ela era linda mesmo, respeitava meu amigo Paulo que amava Ana.
Não sei se Ana um dia me quis. Eu não.
Eu até quis que Paulo fosse feliz e que amasse mesmo Ana e que Ana amasse Paulo daquele mesmo jeito.
Até fiz força. Até falei bem demais do Paulo para Ana. Até disse coisas bonitas sobre ele, mesmo sabendo que eram mentiras. Acho que Ana também sabia.
Ana morreu sem nunca ter retribuído o amor de Paulo.
Ouvi falar depois que Ana... bom... Ana morreu e é melhor nem falar disso.
Paulo... não sei se Paulo conseguiu ser feliz. Espero que sim.
Todo mundo merece ser feliz.


zénérso - btu - 06/07/2013 - 20:21

Verdadear mentiras

Por absoluta falta do que dizer,
por ter vivido tão pouco
- depois de tanto tempo -
começarei a inventar histórias
a verdadear mentiras!

zénérso - btu - 06/07/13 - 18:18

10 de mar. de 2013

Palavras pipas

Às vezes as palavras parecem pipas.
Depois de soltas podem ser recolhidas.
Mas às vezes, somente às vezes,
quando ninguém nelas prestou atenção,
quando não foram ouvidas.
Às vezes, mesmo não podendo serem recolhidas
como as pipas
as palavras são mal compreendidas.
Se parecem com aves de rapina
quando tinham intenção de serem andorinhas
Mas, na maioria das vezes,
as linhas se rompem e as palavras se comportam
como balões incendiários em mata seca.
Às vezes, em boa parte das vezes,
as palavras pipas se tornam para-raios
e atraem para si aquilo que menos esperavam.
As palavras pipas por serem palavras ditas
costumam ser palavras malditas.

zénérso - 10.03.2013 - 13:05


9 de mar. de 2013

Hoje, depois de um bom tempo, voltei ao quintal pra ver se as melancias ainda estavam lá naquele cantinho mirrado e muito enxarcado depois de uma noite com chuvas torrenciais. Confesso que havia me esquecido das melancias. Nas minhas contas era pra ter uma dez ou mais. Me espantei que encontrei apenas cinco. Menores do que imaginei que estariam. E em lugares diferentes. Então imagino que as melancias mudam de lugar nos pés de melancia. Ou são engolidas de volta e cuspidas aqui ou ali, já que estávamos distraídos. Mas ainda existem melancias no quintal. O que me deixa com esperanças que as beberei com vodka na companhia de amigos vindos de longe.

zénérso - 22.04.2012


Barcos de lata...

As diversões dos tempos de infância eram de uma simplicidade estonteante. Tive poucos brinquedos e raros os que tinham alguma sofisticação a mais. Me lembro de um carrinho de plástico preto, que provavelmente era um Simca, que eu adorava. Mas os carros bacanas tinham uns para-barros que é uma coisa que ia além dos paralamas. Era um prolongamentos dos paralamas... os caminhões ainda têm algo assim, hoje. Eu achava que todo carro, pra ser bacana, tinha que ter aquilo. E o meu carrinho preto, meu Simca, não tinha isso. Então inventava um jeito de colar algum papel, algum durex que imitasse aquilo da melhor maneira possível. E colocava uma antena, que era pra ficar mais xique ainda. Tive um patinete que pouco usei, um pião que não sabia usar direito, umas duas ou três pipas que fabricávamos no fundo do quintal. E as bolas: quase sempre de plástico. Tive uma de capotão! Só uma! Mais tarde, acabei ganhando uma bola de basquete, mas que também era de couro e que com o tempo, e o excesso de uso, acabou ficando oval... Tinha as bolinhas de gude, que divertia toda a molecada nos jogos de biroca, que naquele tempo era só um inocente jogo de bolinhas de gude... Foi num desses jogos que aprendi um dos primeiros remédios da cultura popular. Levei uma picada de abelha e aquilo dóia demais... Um dos meninos disse que era pra passar barro no local da picada. Saí correndo buscar água que trouxe na boca e cuspi no chão de terra onde jogávamos pra fazer o barro e passar na barriga, lugar onde a bendita abelha resolveu me picar. Santo remédio! A dor passou rapidamente e nem sequer ficou vermelho. Ficou marrom, mas isso foi preferível naquela hora. Tinha os jogos de botão, que naquela tempo era só um inocente jogo com botões que eram os jogadores de futebol... Até que um dia ganhei um barco de lata! Me lembro vagamente desse barco... A lembrança que tenho é que era vermelho, e, parece-me, era feito de latas de conservas, manteiga aviação, sei lá... Pois esse barco tinha um estranho mecanismo que o fazia navegar. Na casa de meus pais tinha uma enorme banheira. Enorme para o tamanho que tínhamos. E era nessa banheira que o barco navegava. Era movido à vapor e usava ou um toco de vela, ou um pouco de álcool ou querosene que era colocado num pequeno recipiente dentro do barco. Ateado o fogo, era só aguardar que a coisa funcionasse. Não me recordo do mecanismo que o fazia navegar, mas ele navegava. E era uma coisa tola... mas eu e os sobrinhos ficávamos ali, fascinados com a mágica do barco. Tenho a impressão que eu ainda fantasiava para os sobrinhos que o que fazia o barco funcionar era um combustível que viha da lua. Mas aí a memória já não ajuda mais!

zénérso - 19.03.2012


Comidas e mesa farta

Fui criado nos rincões de Santa Cruz à base de arroz, feijão, bife, salada de alface. Tá certo que tinha por lá um bocado de fruta que me enfastiavam de quando em vez. Goiabas, que nasciam num pézinho mirrado num canto do terreno da oficina e em outro, mais robusto, ainda na mesma oficina, mas na divisa, junto à uma cerca que servia de escada para subir na goiabeira. E dali subíamos numa árvore gigante que dava uns frutinhos marronzinhos, míudos e docinhos, com uma semente no meio e que nunca soube o nome. Era uma aventura enorme subir nessa árvore e me lembro perfeitamente do meu desespero quando, depois de subir pela primeira vez nessa árvore e me aventurar por galhos altíssimos, me deparei com a necessidade de descer. Desci, conforme podem perceber, mas foi uma baita agonia. Os galhos pareciam ter crescido entre a subida e a descida, de tal forma que ficaram mais longe uns dos outros... Na rua de casa, no caminho para o clube Naútico, tinha um pé de pitanga. Na rua paralela tinha a casa da dona Alta, com um pomar enorme que ela tratava com muito carinho e, evidentemente, não deixava ninguém entrar para comer as frutas que apodreciam no chão. Mas entrávamos, mesmo assim. Era diversão pura, porque sabíamos que ela iria nos escutar e sair correndo atrás de nós, que fugíamos para dentro do clube Naútico. Lá, no clube, enormes jaqueiras que me deixavam sempre na dúvida: e se uma delas despencar na minha cabeça? Nunca aconteceu comigo e nunca soube que tenha acontecido com alguém, embora, ao contrário dos côcos de Natal, as jacas caem do pé mais cedo ou mais tarde... Na beira do Rio Pardo tinha um monte de ingazeiras e era ali, nos pés repletos de ingás, que subíamos, comíamos as frutas e pulávamos n'água para descer o rio por uns 200 ou 300 metros... Mas eram frutas que se comiam nos pés. Sem adubos, sem agrotóxicos, sem água para lavar as frutas ou a cara, mesmo quando lambuzada pelas mangas que também tinham aos montes por lá. Mas falava do arroz e feijão... Pois é, cresci assim: muita fruta no pé, e pouca variedade de comida à mesa. No máximo tinha lá o macarrão com frango aos domingos. Ou lasanha e frango. Quando vim pra cá estudar, fui aprendendo que na mesa outra coisas iam bem. Mas aprendi isso no dia em que, com uma baita fome, chegamos na república e na geladeira tinha um prato de arroz de transantontem e um ovo para dividir em três. Um dos amigos tinha lá seus dotes culinários e, sabedor que no quintal tinha um pé de chuchu, foi até lá, colheu logo uns oito ou dez chuchus, refogou-os, misturou o arroz e o ovo e fez um delicioso rango que até hoje me lembro do sabor. A fome nos ensina que qualquer alimento é bom. Que toda mesa farta deve ser enormemente agradecida. Que toda comida deve ser dividida, que não pode sobrar. Naquele dia, na Cardoso 1023, juntou gente pra dividir com a gente aquele ranguinho simples, mas bom pra chuchu!

zénérso - 19.03.2012


Tomatinhos cagados

Ah... os tomatinhos! Essses apareceram na outra casa. Do nada nasceu um pé desses tomatinhos míudos num canto de parede, numa fresta entre o chão e um pilar. Ali não era lugar pra nascer nada que não fosse uma praga qualquer. Tiririca, quebra-pedra ainda vá lá. Mas nasceu um pé de tomate. Nasceu, cresceu, floresceu e nos forneceu uma quantidade enorme de pequenos tomates que acompanharam os almoços e jantares que a mulher tão caprichosamente fazia, já que eu só sei fritar ovos, cozinhar ovos, e bulinar nos meus ovos... Mas pés de tomate são coisas que nascem, crescem e morrem com relativa rapidez. E o tal pé de tomate que nasceu naquele lugar estranho cumpriu sua jornada na vida. Não sei porque cargas d'água aquele pé de tomate nasceu ali. Dizem os biólogos que os pássaros são os responsáveis pela disseminação das plantas, quando comem os frutos e saem cagando as sementes mundo afora. Não sei de pássaros que comam tomates, mas por certo algum há, já que o pé de tomate nasceu ali sem nunca ninguém ter plantado. Ah! Os pássaros também espalham os carrapatos... mas isso é outra história. Após cumprir a jornada, o pé de tomate secou e por um bom tempo ficamos sem os pequenos frutos. Mas se algum pássaro comeu mais tomates ou se foi alguma das cachorras eu não sei. Sei que nasceu mais um pé de tomate num canto mais inusitado, agora na frente da casa, numa fresta entre o piso cimentado e a mureta da varanda. Ali dois pés de tomate nasceram em ocasiões diferentes e ambos cumpriram seu ciclo. Colhemos e nos fartamos de tomates e quando mudamos pra nova casa trouxemos uma quantidade boa pra cá. Aqui, quando vi aquele chãozinho mirrado enxarcado e que acabou sendo bastante cagado depois, não resisti e joguei ali um punhado dos tomatinhos. O mato que cresceu sufoca as plantas de tomate de tal modo que essa é a plantação que não anda dando muito certo. E, dizem, os tomates não gostam dos chãozinhos enxarcados. Dessa vez não terei desses frutos pra oferecer!

zénérso - 19.03.2012

Coisas estranhas acontecem em casa... uma travessa de lentilhas ficou esquecida na geladeira. Depois de um tempo, as lentilhas brotaram mesmo sob baixa temperatura. Então, dentro da travessa, tampada, dentro da geladeira, ligada e, portanto, com baixa temperatura, a lentilha insistiu em nascer. Acho que aquele monte de plantas merece uma chance. Vamos jogá-las naquele chãozinho mirrado, enxarcado e cagado onde nasceram as melancias, os girassóis e um monte de tomatinhos... tomatinhos que eu me esqueci de contar a histórias deles...

zénérso - 18.03.2012


Naquela porra de antena parbólica do fundo do quintal - não serve pra quase nada aquilo - pousou um periquito australiano ou africano, sei lá... Fugido da loja de animais - pet shop!? - ali da esquina. Relata-se que esses bichos, por terem nascido em cativeiro, terão poucas chances de sobrevivência soltos numa natureza que nem é deles. Foram trazidos de lá da África ou da Austrália para serem vendidos livremente aqui, já que aqui não podem ser vendidos os bichos da fauna brasileira. Então importamos bichos de outras faunas. Mas acho que lá na Austrália também fazem isso. Importam bichos da fauna brasileira e os vendem livremente já que lá não podem vender bichos da fauna australiana... Seguimos enganando a nós mesmos enquanto os bichos são capturados, contrabandeados e vendidos livremente em outros lugares no mundo. Os nossos por aí e os daí por aqui. Deveriam proibir a fabricação de gaiolas. Deveriam proibir a captura e a venda de qualquer animal... E os animais humanos deveriam parar de consumir esse tipo de produto. Mas vá explicar para essas bestas irracionais a lógica da vida! Complexo demais!

zénérso - 18.03.2012


Lá naquele chãozinho mirrado, enxarcado e cagado, além das melancias, dois girassóis insistiram em nascer em meio ao mato alto. Com muito esforço botaram o pescoço pra fora, só a ponto de mostrar a flor pra que ela, insistente em nascer e crescer naquele ambiente, espiasse o sol no seu caminho monótono de todo dia. Foi assim, do dia que floriram até o dia que secaram... Insistentes, devem gerar outras flores com as sementes que espalharam. Algumas maritacas apareceram, comeram algumas poucas sementes, por certo também cagaram ali naquela chãozinho mirrado e prometeram voltar quando os novos girassóis aparecerem. Sigo acompanhando a vidinha no fundo do quintal.

zénérso - 18.03.2012


Plantado melancias

Agora tenho uma plantação de melancias. 4 ou 5 frutas insistem em nascer num chãozinho mirrado e enxarcado, mas bastante cagado pelas cachorras.
O adubo deve ser bom. Uma delas já está do tamanho de uma bola de tênis. Outras do tamanho de uma bola do saco. De bolas de gude. Se é que me entendem. Se tudo correr bem, em um mês colheremos as melancias. E se a colheita for boa, oferecerei aos amigos.


zénérso - 16.03.2012

O ódio é um amor imenso, invertido!

zénérso - 23.04.2012


Bendito espírito da poesia
tome meu corpo
sou teu cavalo
Escreve por minhas mãos
tira de mim o tormento
a angústia
as falas presas
Apressa-te!
Meu tempo é curto!

Zénérso - 11.12.2012 - 19:13 h


Poeminha vestibulesco!

As turmas de Exatas são falhas.
Algumas são feias, outras tantas tortas.
Algumas têm espinhas, outras mãos repletas de pelos.
Algumas... cravos aqui e ali e, com o tempo,
outras terão pelos nos ouvidos.
Algumas têm joanetes, outras nem usam cotonetes.
Algumas têm cheirinhos específicos.
Outras peidam no meio da sala e acham isso normal
por mais que as julguem cínicas.
As turmas de Exatas são repletas de falhas.
As turmas de Exatas são Humanas!!!

Zénérso - 02/02/2013 - 13:12


Estou sofrendo de falência múltipla dos bolsos...


zénérso - 14.02.2013


Tenho certeza
de que ainda sou capaz de amar
já que não odeio mais ninguém.
Cansei de odiar.
Semeei muito ódio de muita gente e carreguei mágoas
como quem carrega jarros d'água na cabeça em tempos de seca.
Os tempos continuam secos.
Os jarros também secaram antes que eu os quebrasse
pelo caminho cheio de pedras.

Difícil sustentar esse vazio!

Zénérso - 23.02.2013 - 12:15


Viva!

Confesso que fiquei triste com a morte do Hugo Chavez. Mas talvez o que tenha me deixado mais triste foi a enorme quantidade de sandices que ouvi a respeito dele e do povo venezuelano. Não conheço a Venezuela. Não vivi a história de Chavez na presidência daquele país. Mas vi muitos atos dele onde contestava o poder imperialista dos americanos e europeus que, repletos de soberba e julgando-se donos do mundo, sempre quiseram - ainda querem - que fiquemos na nossa posição de espectadores do assalto de nossos recursos. E que prestemos o serviço de escravos para extrair nossos tesouros colocando-os nos porões dos seus navios. Há quem ainda ache lindo o rei espanhol ter mandado Chavez calar-se. Como outrora mandaram seus exércitos calarem os incas e maias... Não conheço Chavez, repito. Não sei se o povo venezuelano era feliz com ele ou não. Sei de alguns números que refletem que não é possível que a imensa maioria dos venezuelanos tenham sido manipulados por tanto tempo. Pergunto-me porque um tirano colocaria seu governo em cheque em 19 plebiscitos. Um tirano não perguntaria nada ao povo. Tudo bem, essas votações poderiam ser fraudadas. Afinal, se até Busch se beneficou de uma fraude eleitoral, porque Chavez não se beneficiaria logo de 19 fraudes? O tal tirano aumentou em 16 vezes o número de médicos na Venezuela. Pediu - e obteve - ajuda cubana para isso. Erradicou o analfabetismo na Venezuela. Diminuiu a pobreza. Baniu da Venezuela empresas que só traziam mal à população - a coca cola foi uma delas. E não venham dizer que isso é tirania. Isso é cuidar da saúde do povo, já que a coca cola causa inúmeros males. Se não me engano baniu a mcdonalds também... Os motivos talvez tenham sido os mesmos, já que o que servem naquele rede causa, no mínimo, obesidade. Não é um bom produto. Não deve mesmo existir. Após o furacão Katrina, Chavez mandou - a Venezuela ainda manda - óleo para calefação para ajudar o povo pobre americano que sofreu com aquele desastre natural (diga-se que ocorreram muitos casos de corrupção e sumiço de dinheiro destinados àquela população. Enquanto os americanos democratas se locupletavam no dinheiro público, a Venezuela do tirano ajudava os americanos pobres. Que ironia! Sim! Há pobres nos EUA. Os que foram afetados pelo Katrina eram, na sua maioria, pobres e negros) Esses são alguns dos números que sei que Chavez promoveu na Venezuela. E isso talvez seja mais do que todos os outros presidentes daquele país tenham feito antes. Poderão dizer que isso não pode torná-lo um mártir ou um mito. Pode ser. Mas se ninguém nunca fez nada pelo povo e um cara aparece e faz um pouco, esse pouco de repente é muito pra quem recebeu. E da visão desse que recebeu, ter sua vida melhorada pode ser consideravelmente significante. Pra essas pessoas ele virou um líder, um mito, um mártir. Aqueles que nunca fizeram nada até agora não podem reclamar. Bastará que surja outro que faça mais, que todos se esquecerão de Chavez. Ou o deixarão na História com um papel menor do que o que tem nesse momento em que entra nela. Coisas semelhantes acontecem no Brasil. Fomos governados por um sem número de presidentes preocupados com meia dúzia de famílias. Aí chega um presidente que pode até ser chegado na cachacinha (outros tantos eram chegados na mesma coisa ou em coisas piores!), que é semi analfabeto, que mal sabe falar e que transforma o país em oito anos. Foi pouco. Tenho absoluta certeza de que o que Lula fez foi muito pouco. Mas nunca ninguém tinha feito tanto! 40 milhões de pessoas subiram de classe social. 16 milhões deixaram a linha da pobreza extrema. O país subiu em todos os critérios de avaliação internacional. O desemprego diminuiu, mesmo enfrentando crises severas que o neoliberalismo esparramou mundo afora. O mesmo neoliberalismo que vendeu - ainda vende - nossas empresas e riquezas sem que nada de bom pudesse nos acontecer. O número de universidades federais aumentou. As universidades federais melhoraram. E os bancos continuam com seus lucros enormes... coisa que podia ter diminuído em benefício de mais gente Brasil afora. Foi pouco. Eu queria mais. Queria melhora significativa na cultura e educação. Queria melhor atendimento na saúde. Queria uma saúde cada vez mais gratuita. E essas coisas que quero e que ainda não aconteceram, talvez seja semelhante ao que muitos venezuelanos ainda querem. Mas ninguém havia feito tanto pelo povo venezuelano, ninguém tinha feito tanto pelo povo brasileiro, quanto Chavez e Lula. Mas foi pouco. Lá e cá. Por isso acho que precisamos continuar atentos. A quantidade de hipocrisia que esparramam pela rede e redes todo santo dia é para nos convencer que devemos mesmo continuar a ser pequenos. Que devemos continuar com nosso papel de humildes lambe botas dos poderosos de plantão. Devemos continuar achando que todos aqueles cursos que as empresas patrocinavam tempos atrás - patrocinam ainda? - e que nos ensinavam a trabalhar "direito" - 5S, qualidade, gestão de pessoas, etc etc etc - e que enriqueceram um sem número de falantes motivadores, que aqueles cursos realmente estavam certos. Não podemos lutar por nossos direitos. São nossos direitos que oneram as empresas. É isso que impede que elas sejam melhores, mais competitivas. Continuemos a acreditar nessas histórias. Temos que defender nossa empregabilidade. É isso que os hipócritas querem nos fazer acreditar todo santo dia. Eu prefiro acreditar que Chavez foi um bom presidente. Provavelmente o melhor que a Venezuela tenha visto até agora. Prefiro acreditar que aquela multidão que tomou as ruas de Caracas não estava ali por serem manipulados. Não é possível isso. Prefiro acreditar que Lula foi o melhor presidente que o Brasil já teve. Os números de lá e de cá me levam a acreditar nisso. Mas foi pouco. Muito pouco. Tem muito o que ser feito. E se isso que digo é a cartilha mofada do PT, que viva essa cartilha! Embora eu não seja petista. Quero apenas uma democracia plena. Mais forte do que essa em que vivemos. Quero que o povo realmente tenha controle sobre todas as coisas. Sobre os políticos que nos governam. Sobre os polítcos que legislam em nosso nome. Sobre o judiciário que deve ser isento. E justo. E sobre a imprensa que não pode ser mais um partido político. Que tenhamos um país onde o povo seja soberano. Onde os cargos não sejam vitalícios. Onde as aposentadorias sejam por exercíco pleno e continuado de suas profissões e não por meros 15 minutos numa cadeira de legislativo, executivo ou judiciário. Que todos esses cargos sejam eletivos. Que esses mandatos sejam curtos. Que não haja mais do que uma reeleição. Acho que não viverei o suficiente para ver isso. Até porque, vendo o que vejo hoje em dia, acho que estamos muito perto de uma forte tirania fascista. Que Deus nos livre disso! E que mantenha os lulas e chaves vivos dentro de nós! E os fidéis, bolivares, guevaras, marias da penha, chicos mendes, chicos buarques, e todos aqueles que um dia lutaram e ainda lutam e todos aqueles que lutaram e morreram em nome da liberdade e da democracia. Viva Chaves! Carajo!!!

Amigos de Menos

Já nem me lembro mais
quanto tempo faz
nem lembro em que esquina
eu reparei nas pernas
daquela menina
Ela era menina
Eu era menino
e faz tanto tempo
que eu não me lembro mais

Lembro seu nome
Lembro sua cor
E tenho uma vaga lembrança
desse cheiro
    que era quase de infância
tamanha distância que me vejo dele agora

Já nem me lembro mais o endereço
Não sei onde mora
Não sei se ainda existe
Mas temo que as pernas não sejam mais bonitas
como outrora

Tanto tempo passou depois daquela esquina
meus amigos se perderam na margem direita do rio
e a correnteza anda tão forte
que eu temo me afogar tentando me manter na outra margem
Na verdade já não tenho mais tantos amigos
eles se foram iludidos por alguma droga maldita
palavras

Como é difícil manter-se livre
Meu coração anda atormentado
me sinto cada vez mais escravo das palavras ditas
constantemente repetidas
por tolos filósofos contemporâneos
e não sei quanto tempo tenho
até ficar totalmente acorrentado
Queria poder ter parado o tempo
queria que aquela pureza que carregávamos nos corações
e sonhos
ainda estivem por aqui
Já não lembro mais
quanto tempo faz
quanta estrada me separa
daquela menina
Tenho cada vez menos amigos!

zénérso - 09.03.2013 - 13:04

29 de jan. de 2013

Contando almas

Minha avó contava almas.
Todo dia levantava da cama
passava pela cozinha arrastando os chinelos surrados
e vinha contando...
...cinco   seis   sete   oito....
Caminhava até a varanda
no fundo da casa onde
silenciosa e cuidadosamente
esparramava seu corpo na velha cadeira de balanço.
Continuava a contar...
... quinze   dezesseis dezessete...
Eu, ainda bem pequeno,
ficava intrigado e perguntava
o que era aquilo que tanto ela contava
todo santo dia...
Ela respondia: coisa de gente grande! Se te contar você se assusta.
Eu? Imagina!!
Eu já pilotava helicóptero no alto da goiabeira!
Porque iria me assustar?
Alguns dias ela ficava calada
sem contar nada
apenas olhando meu avô plantando alfaces, rúculas, couves,
colhendo tomates, esparramando esterco de cavalo na terra,
preparando canteiros..
Ela, da sua cadeira de espreguiçar,
eu, no alto do meu helicóptero camuflado no meio da goiabeira!
Minha avó contava almas,
eu, bicho de goiabas!

11 de dez. de 2012

Bendito espírito da poesia
toma meu corpo
sou teu cavalo
Escreve por minhas mãos
tira de mim o tormento
a angústia
as falas presas.
Apressa-te!
Meu tempo é curto!

Zénérso - 11.12.2012 - 19:13 h

Cão


Sigo teus passos como um cão faminto
e se sinto teu cheiro sigo teus passos
como um cão cego e se não te vejo
sigo teus passos como um cão preso
Se apressa o passo em fuga
sigo tua pressa como presa fácil
Se te acautelas e me enfrenta
te cerco e te espreito como um cão
um lobo uma hiena
que espera
e espreita
e assegura que a fuga
não será fácil
e apressa em afiar a presa
como um cão faminto

enquanto o tempo não passa
como um cachorro quente!

Zénérso - 11.12.2012 - 19:11 h

20 de jun. de 2012

Calor

Olhei teus olhos
e vi um brilho
intenso
achei que era amor
mas era reflexo
era o sol

Olhei teu corpo
e o vi úmido
sôfrego
achei que era amor
mas era o sol
era calor

encostei em teu corpo
e senti um tremor
faltou-me fôlego
achei que era tesão
que era amor
mas era febre
era calor...


e.d. - btu 20/06/2012 -10:39

Confortavelmente entorpecido

Eu bem te disse
que talvez fosse melhor
se você partisse
Eu bem te disse
que eu era pura esquisitice
Que talvez fosse melhor
se você esquecesse essa idiotice
Eu bem te disse
que talvez fosse melhor
que você me esquecesse
Que você preenchesse teu coração com outra sandice
- com alguém diferente, eu disse -
Eu te avisei eu te disse
Mas você achou que isso
era pura basbaquice
que talvez
se você insistisse
meu disse-me-disse seria só invencionice
Eu bem te disse
que se você se apaixonasse
eu me instalaria no teu coração
ocupando do sótão ao porão
e que talvez nunca mais saísse
Eu bem te disse
que eu não seria amável
que eu não era adorável
que talvez fosse preferível
um cara de outro nível
Agora me instalei aqui nesse canto
e está úmido e está quente
e eu estou tão confortavelmente entorpecido
que será difícil, quase impossível
desfazer bem feito o mal feito
não terá outro jeito
talvez… se eu te traísse….
e.d. - btu - 20/06/2012 - 01:05
Revisão.
Vazio.
Lixo.
Mudanças.
Novo sentido.
Novo.
Começo.
recomeço.
Vazio que se preenche com vida!

6 de jun. de 2010

Vôo a dois

Vou a dois
 ou três lugares
ainda
antes do fim.

Vôo a dois
ou a três
dependendo
de quem
quer ir comigo

Vou antes do fim
e vôo sozinho
se depender de mim

Vôo antes do fim
e vou
se depender
sozinho



24 de fev. de 2010

Feliz

Queria tanto encontrar você
queria que me visse
estou feliz
     leve
e queria que você me visse assim.

Te procurei
     e procuro
por ai.
Vasculhei a cidade
te procurei na internet
não há vestígios teus no google
nenhum sinal.
Queria que você me visse.
Demorou um pouco
foi muito difícil chegar até aqui
mas aprendi.
Deixei de lado alguns sonhos tolos
não almejo mais a fama
não quero a mulher escultural
nem sequer olho pros carros reluzentes
que passam por aí
(e até acho tolice isso de tê-los).
Olho o sol todo dia pela manhã
     ou olho a chuva
aprecio o frio
     mesmo que intenso
ainda tenho aquele velho saco de dormir
ainda durmo nu e me lembro do calor do teu corpo
ainda tenho aquela velha mania de dormir molhado
quando o calor insuportável nos deixava grudados.

Mas não tenho mais aquela pressa
de chegar a lugar nenhum.

Aprendi
     demorou um bocado chegar até aqui
mas aprendi

Descobri que a mesma pedra do caminho
pode ser a pedra que ajuda a travessia das correntezas
aprendi que a força das correntezas
que nos arrasta pra longe daquilo que queríamos
é a mesma que nos leva pra lugares novos
     e o novo é bom.

Aprendi que chorar pode ser ruim
mas é bom quando lava nossa alma
quando nos esgota e nos renova

Aprendi que sorrir
(sem exageros)
é o melhor remédio pra nossas doenças
que a maior doença trazemos na mente
e pode ser a semente de todo mal que nos consome.

Aprendi a ouvir os pássaros
eles ainda estão por aí
aprendi que devemos soltá-los
que a vida deles anda muito difícil
mas eles preferem enfrentá-la livres.

Aprendi a ser livre
     e isso é bom.
Ainda tenho algum chão pela fente
ainda tenho muito o que aprender
ainda quero muito te ver
e poder te contar
tudo isso.

Mais do que isso
queria que me visse assim

zé - 24/02/10 - 00:05


13 de fev. de 2010

A hora

Olhava teus olhos
e via um brilho azul.
Chegava mais perto
e os olhos ficavam verdes
o brilho ficava verde.
Mais perto ainda
os olhos semicerravam
a boca entreabria
pálpebras trêmulas
respiração ofegante
lábios sedentos
coração apressado

eu não via os olhos

eu não via a hora...

zé - 13/02/10 - 00:49


12 de fev. de 2010

Cantos

Em algum canto
por aí
perdi a poesia.

Não sei se alguém achou.
E se achou
não sei se acha.
serve pr'alguma coisa?

Procuro por aí
e acho cacos...
cantos!

zé - 12/02/10 - 22:24


mínima

sons
suados
susurros
seios
suaves
sinuoso
sexo
somos
sôfregos

saciados...

silêncio...

cigarro...

silêncio.
sorriso.
sim!

...sons...

zé - 12/02/10 - 22:12


Ainda, os sonhos

Acordei assustado
molhado de suor
com o coração batendo feito louco
quase saindo pela boca.
Sabia que estava ao meu lado
tinha te visto, te tocado e te amado
até segundos antes...
Ainda sentia teu cheiro! Teu gosto! Teu sexo!
Olhei para o lado e a cama estava quente mas vazia...
Levantei-me, confuso,
afinal teu cheiro em mim era tão intenso que não podia ser sonho.
Te procurei pela casa e,
claro,
não te encontrei andando pelo escuro da noite.
Acendi todas as luzes
vasculhei cada centímetro quadrado
procurei por um mínimo sinal que você
tivesse deixado...
um bilhete
uma peça de roupa jogada em algum canto
um batom usado
algum traço teu.
Em vão.
Foi sonho!
Claro! Eu nem te conheço!

zé - 12/02/10 - 11:23


11 de fev. de 2010

Sonhos

Reviro-me em meus sonhos
e já não sei mais quem sou.
Vaguei por aí,
e nem me lembro mais se em algum momento
algo ficou claro.
Se em algum momento soube de mim mesmo.
Olho pra trás e me assusto com meus erros.
Olho no espelho e me vejo

velho

Não sei ainda dá tempo de fazer alguma coisa melhor.
Fiz três filhos e os eduquei da melhor forma possível
embora boa parte do tempo me embriagasse
por medo de mim mesmo.

Escrevi versos, sonhei músicas, gritei berros confusos
como de resto foi tudo até aqui.
Reviro-me na cama e
quente
encontro-me só.
A porta entreaberta deixa passar uma réstia de luz
e uma brisa que vem da janela da sala.
Mais nada.
Imagino que você pudesse entrar por ela
Se aconchegar ao meu lado e
mudar minha vida.

No escuro penso em mim
e sonho!
Ainda sonho.

zé - 11/02/10 - 00:13


15 de jan. de 2010

Esquecimentos

Passo o dia todo escrevendo versos.
Escrevo e apago cada um deles em minha mente.
E esqueço.
E me lembro parcialmente
E os reescrevo.
E são diferentes.
E não são mais belos como eram da primeira vez
Me pergunto sempre porque ainda não adquiri o hábito de carregar comigo
caneta lápis papel bloco de anotações caderno...
Um gravador, que seja.
Pareceria louco, por aí, falando versos para uma caixinha eletrônica.
Quem entenderia?
E o que importa?
Preciso me adaptar às minhas torrentes de criação
que não têm hora,
não têm lugar,
não têm fonte adequada de inspiração.
Não tenho musas.
Mas como gostaria de tê-las!
Escrevo versos o dia todo
em qualquer lugar e hora
e os apago.
Esqueço.

zé - 23:04 - 15/01/2010


A lista de Pepe

Ontem morreu o "hamstinho" do Pepe...
Confesso que tive uma parcela enorme de culpa,
já que não vi o bichinho implorando por água.
E comida.
Tirando o peso que paira sobre os meus ombros,
afinal eu matei o hamster de fome e sede e sede e fome,
Pepe agora coleciona mortes:
"Vou contar todo mundo que já morreu:
minha vó que me deu aquele carrinho de presente,
a pombinha,
o passarinho,
o Quico,
o Tatá e o hamstinho...
Eu também quero ir morar no céu!"

Meu Deus! Pepe já tem uma lista enorme de mortes pra contar!

zé - 22:58 - 15/01/2010


12 de jan. de 2010

Logo Ali

Na verdade nem queria estar por aqui
ou por aí
queria ter ficado logo ali
fumando um ou dois baseados
enquanto o povo passava apressado.
Pra quê?
Chegamos mais ou menos juntos nos mesmos lugares
fedemos os mesmo fedores
apodrecemos!
Queria ter ficado logo ali
fumando um ou dois
baseado que nada mesmo mudará na face da terra
Os mares talvez encham um pouco
talvez fiquem menos salgados

(Não chegando aqui nos meus pés...)

Queria ter ficado logo ali
largado
embaixo daquelas árvores
Trindade
admirando a nudez de Cacau

(só quem viu sabe do que digo!)

Queria ter ficado por ali
comendo peixe afogado.
Apressado pra quê?

zé - 18:27 - 12/01/2010


11 de jan. de 2010

Pernas pra que te quero!

Ah! que pernas lindas tinha aquela menina.
Tem. Já que não se foi.
Quem se foi fui eu.
Pernas tão lindas numa menina tão diferente!
Anotações feita a caneta bic no meio da coxa
só por falta de papel.
Fico eu aqui, velho e tolo,
lembrando de outros tempos
outras pernas.
Fui.
Foi o tempo.

zé - 16:31 - 11/01/2010


Retrato 3x4

Olho para um retrato velho
meu
e percebo que menti a vida toda.
menti tanto
e tão bem
que essa foi a minha verdade.

zé - 16:26 - 11/01/2010


Já que agora sou penada alma,
psicografo
usando como cavalo o corpo que vagueia pela terra
sem eira nem beira
ignorando a própria sorte
sem nenhuma noção do destino que lhe foi reservado.
Me aproveito do corpo desalmado
desavisado
e vou ficando por aqui mais um pouco.

zé - 16:24 - 11/01/2010


A Hora

Eu morri!
Morri em algum lugar da cidade
ontem à noite.
Não sei a hora exata.
Não sei o local.
Como até agora a morte ainda não foi anunciada
pelas marias funerárias,
meu corpo está por aí, vagando
E cagando pra história dos velares
e velórios e chorares
Vaga sem saber da hora precisa da morte.
Vaga sem sorte.
Sigo alma penada!

zé - 16:18 - 11/01/10


4 de jan. de 2010

Começo de ano e suas resoluções:
vou parar de fumar.
vou parar de beber.
vou comer mais frutas e saladas.
vou me cuidar.
vou malhar todo dia
fazer caminhadas matinais,
vespertinas,
vou fazer mais sexo
sexo todo dia
celibato
vou beber vinho
uma taça todo dia
uma garrafa
vou emagracer
vou visitar aquele lugar sagrado
vou morar no mato
pescaria todo final de semana
mais tempo com a família
ver meus filhos
filhos pro ano que vem
filhos?
vou fazer um check-up
vou encarar o proctologista
encarar?
vou mudar pra alguma praia
vou ver o sol nascer na serra
vou fazer uma viagem ao redor da terra
vou andar de bicicleta
vou namorar mais
vou namorar
vou me embriagar menos
vou me embriagar
até me esquecer que o ano mudou
que fiz promessas
que tinha que mudar alguma coisa
e esquecer...
fica tudo pro ano que vem!

zé - 23:35 - 04/01/10






3 de jan. de 2010

Parei num buteco qualquer
e tomei um porre de desatino.
Talvez por isso esteja assim até hoje.
Ressaca, porre interminável, descontrole.
Talvez seja só meu signo,
astros que dominam minha vida
que regem meu destino
e mais nada.
Talvez eu não tenha orado direito
ou o suficiente
talvez tenha orado para o santo errado
já que cada um tem lá a sua especialidade
Talvez tenha sido isso:
só um desencontro entre orações e santos orados.
Talvez por isso nenhum milagre.
Por isso meu desatino.
No buteco, antes do porre,
dediquei um gole pro santo errado!

zé - 20:37 - 03/01/10


31 de dez. de 2009

Começo o dia
(termino o ano?)
com um quadro de van gogh
como fundo de tela.
isso talvez reflita meu momento.
talvez revele meus tormentos.
talvez... nada disso.
se o quadro é um girassol
talvez nem signifique que estou só
ou mal acompanhado.
(todos estamos irremediavelmente sós
no meio da multidão)
talvez o girassol mostre o caminho
seja a bússola do destino
indique pra que lado olhar e caminhar.
mesmo que isso seja absurdamente louco
insano.
Começo o dia (termino o ano?)
com uma tela de van gogh...

zé - 09:55 - 31.12.09


11 de dez. de 2009

28 de nov. de 2009

Estrada Sol e Vinho, Sozinho

Vou sair pelo mundo
Vou atrás dos meus sonhos
Vôo e sonhar
vou só sonhar
Queria você ao meu lado
não quero estar só
na estrada
Sol na estrada
Chuva e chuva e uvas
Vou sonhar só se você não quiser
Vou me embriagar nos sonhos
com sonhos com vinhos
Convinha eu não estar só
e por isso te queria
e ainda te quero

Nessa estrada
Nesse sol
Sol solidão só
vinho uva e canção
Meu coração é teu
e nem está partido

zé - 28/11/09 - 19:03


9 de nov. de 2009

Talvez fosse só uma chuva,
talvez uma surra de cabreuva.
Talvez fosse só um dilúvio,
talvez erupção de vesúvio.
Mas meu coração incendiou
quando você me olhou
quando você me tocou
quando você me beijou...

Talvez um dia a gente se conheça,
talvez você me apareça.
ou
Talvez um dia eu me esqueça,
meu coração endureça.
Mas meu coração incendiou
quando você me olhou
quando você me tocou
quando você me beijou...

zé - 8:25 - 09/11/09


7 de nov. de 2009

Fragmentos

Andaria ao teu lado
de braços dados
ou não
me arrastaria
aos teus pés
se você me chamasse
amasse
implorasse
pedisse
me desse bola

zé - 19:35 - 07/11/2009


5 de nov. de 2009

Ausência Rara

Ando distante. Eu sei. Mas quem, afinal, está sentido falta?
Eu, com certeza, sinto falta de mim mesmo.
Falta me faz estar aqui.
Meus vômitos, meus tormentos,
meus porres e minhas ressacas.
Meus amores de mentira
Meus ódios de verdade
minhas taras.

Coisa rara? Sinto falta!

Raramente fico tanto tempo longe.
Minhas mãos tremem.
Meu corpo...
E não é
ainda
sinal dos tempos.
É crise de abstinência.

Ausência. Rara.

zé - 17:27 - 05/11/09


26 de out. de 2009

Mentira

Pra ser sincero:
Minto!
Minto muito.
E tanto que
muitas vezes
nem sei mais se o que digo
é!
ou não.
Acho que isso é mal de todo poeta.
De todo louco.
De todo tarado que só mente
porque deseja de forma ardente
que a noite seja quente.
Minto e sei que firo.
Mas não tiro uma letra das minhas mentiras
porque sempre têm uma certa dose (exagerada!) de verdades...

zé - 26/10/09 - 21:40


30 de set. de 2009

Janis

Ouço Janis
e enquanto sua voz rasga o ar
rasga e rasga e rasga
meu coração se dilacera
e vocifera
janis janis janis
porque não nasci no seu tempo?
porque não te ouvi?
mais e mais e mais

zé - 30/09/09 - 17:36


24 de set. de 2009

Sonhos

Eu vou te esquecer.
Decidi!
É pra não padecer.
Meu coração velho
e cansado
não pode mais.
Afinal,
é loucura.
Nem sei a que altura
do chão estão meus pés.
Me perdoe
se atrevi demais.
Nos meus sonhos
nem sequer haviam planos
nem tampouco haviam danos.
Foram sonhos apenas,
aeroplanos.

****

Agora, nos meus sonhos
está o outro lado do rio.
Atravessá-lo, a qualquer custo
a nado
que seja
Não sei o que me espera
Mas é sempre assim a vida
um atravessar de rios
um sonhar
Estamos em época de cheias
O corpo já não tem mais a mesma vitalidade de outrora
é mais temeroso enfrentar a correnteza
Mas há a necessidade da mudança
a necessidade de buscar um lugar melhor
que possa nos trazer mais alegria
algum sentido para a vida
sorriso
amigos
uma ou outra festa
qualquer coisa que ar e esperança seja...
é assim: penso
reflito
planejo.
E sonho.

zé - 24/09/09 - 19:58

23 de set. de 2009

Premonição e outros dons

Decididamente não sei de onde vêm os versos.
Sei que não me esforço.
Sei que fluem.
Sei que me sinto quase forçado:
escrevo e não sei quem assina.
Ponho um zé embaixo mas...
às vezes acho que quem sopra em meu ouvido
só quer continuar anônimo.

****

Ontem minha angústia era quase premonição.
Já aconteceu outras vezes.
Já vi amigos acidentados
já pressenti a morte de entes queridos.
Mas tudo de forma estranha.
Um nó no peito
uma agonia
um aperto
até que acontece o fato.

zé - 2309/09 - 15:25


Bilac

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

****
Ouço estrelas
ouço teu canto
Me espanto com a loucura
que ronda à volta
minha loucura.
Alma em pranto.


zé - 23/09/09 - 15:18
****


Causos

Aquela aflição do final da tarde, na verdade, tinha outra explicação.
Enquanto meus nervos estavam à flor da pele por motivos bestas - afinal vivi a maior parte da minha vida sem internet, escrevi a maior parte dos meus escritos numa olivetti, meus amigos me seguiram sempre mesmo que fosse na mesa de um bar - o fiote sofria um acidente de carro. Nada grave para ele, alguma gravidade para outra pessoa, mas todos vivos e bem. Isso é o que importa, num primeiro momento.
Sei bem o que ele sente. Sofri nove ou dez desses. Desde porrada por bebedeira, até porrada em bêbado. Desde atropelamento de cavalo, até derrapagem espetacular em estrada lisa por barro e bagaço de cana enquanto três caminhões - treminhões - passavam até que acertasse o último da fila. Que era um Escort e não um caminhão. Sorte minha, azar do infeliz que tava no fim da fila. Isso sem contar o carro despencando a ribanceira na cuesta numa daquelas aventuras de moleques: vamos ver o sol nascer no posto da Bica! Entre a cidade e o posto, a cuesta. Estrada sinuosa, pista molhada, cachaça, imprudência do lado de lá, falta de reflexo do lado de cá e eu, no banco de passageiro tentando encaixar a fita da Janis no toca-fitas. Summertime!!!! E a ribanceira que não tinha mais fim, mas que ficou curta por conta de uma moita de bambus que tinha no caminho. No meio do caminho tinha uma moita de bambu. Tinha uma moita de bambu no meio da caminho... Nossa sorte. Dali pra cima pouco mais de 15 metros. Dali pra baixo pouco mais de 500.
Então, fiote, sei bem o que sente. Aquiete teu coração e siga em frente. Mais atento e mais calmo. Mais forte. Mais sensato. Com a sabedoria que a vida nos dá com estranhos métodos.
Mas é assim.
Força e conte com o véio!

22 de set. de 2009

Espelho

Todo dia
me olho no espelho
com olhos distraídos.
Quando paro
     e reparo
me deparo com o fato
que o tempo é inexorável.
     Doravante
me olharei com calma.
Seguirei atento
o passar do tempo
Assim não notarei
seus reflexos
não levarei mais sustos
e deixarei tranquila minh'alma.

zé - 22/09/09 - 07:16


Nua

Passa de meia noite...
meu coração segue apertado e eu nem sei como foi seu dia.
Mal nos falamos
nem nos falamos
Sigo sem notícias tuas
sigo sem te ver
nua
despida de internets, blogs, orkuts
perfis em sites
facebook
e meu coração apertado
num batuque sincopado
atabalhoado
apressado
querendo fazer dois sons num só.
dois num só
nós dois
um
e eu só.
* * *
Antes que eu caduque
antes que me machuque
antes que você retruque...

vou dormir!!!

zé - 22/09/09 - 00:40


21 de set. de 2009

Boa sorte a todos aqueles que fazem da música sua fonte de vida.
Eu bebo dessa fonte e preciso desses loucos.
Muita sorte na gravação de seus cds... Principalmente praqueles que fazem isso de forma independente.
Depois coloquem aí na internet, pls. Nóis pirateia mas nóis divulga!
E o caminho hoje é esse mesmo: o artista tem que ir onde o povo está, já cantava Milton muito tempo atrás. mais do que nunca: Profético!!!
 

20 de set. de 2009

Fragmentos

Sempre quero estar onde você está
do seu lado, colado, grudado
carrapato micuim
mas evito ser assim
não quero mais ser chamado de intenso
sinônimo usado pra exagero
Já não me acho em mim
Se o que quero evito e o que não
atormenta meus passos
Atormenta meus sonhos
Já não durmo
rolo na cama enrolo nos lençóis
No meu céu tantos sóis
Tanto sol
tanto só

zé - 20/09/09 - 10:56


19 de set. de 2009

Fragmentos

Já não sei mais o que digo
Se olho pro meu umbigo
sou egoísta
se não olho
tolo

zé - 19/09/09 - 20:05


Minha contribuição ao brega

Sempre quis fazer uma canção bem brega, aquelas dor de corno até o talo do corno.
Outro dia vi um vídeo pelaí que me motivou a escrever a tal breguice.
Muito embora o meu talento seja ridiculamente pequeno comparado ao da autora do vídeo, animei-me a escrever algo no gênero.
Aí vai:

VÁ EMBORA!

Não vou falar nada
não vou me opor
se você quer ir embora
vá agora
vou ficar na sala
enquanto você
no quarto
arruma a mala

Não vou falar nada
seja o que for
Só que não secou
em nada o meu amor
Se você que ir embora
vá agora
Não vou me opor

Seja pra onde for
pra onde quer que vá
não vou me esquecer
pra mim foi bom
não foi pra você

Achei que tudo ia bem
que sentia por mim
o mesmo que sinto
mas que posso fazer?
se quer ir embora
vá agora
só não entendo
e nem minto
você não sabe
o quanto me maltrata
quando me troca
por uma sapata!

zé - 19/09/09 - 13:41